quinta-feira, 7 de junho de 2018

FHC pediu ‘SOS’ a Marcelo Odebrecht e enviou dados bancários, diz laudo da PF

Um laudo da Polícia Federal anexado a uma ação penal em que o ex-presidente Lula é réu na Lava Jato revela e-mails enviados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2010, ao empresário Marcelo Odebrecht com pedidos de doações para dois candidatos tucanos ao Senado, Antero Paes de Barros (MT) e Flexa Ribeiro (PA). Em um dos e-mails, FHC fala em pedido de ‘SOS’ para ajuda na campanha e chega a enviar dados bancários. Na troca de mensagens entre o ex-presidente tucano e o empreiteiro não há citação a valores. À época, Fernando Henrique Cardoso era presidente de honra do PSDB e não ocupava cargo público.

“Recordando nossa conversa no jantar de outro dia, envio-lhe um SOS. O candidato ao senado pelo PSDB, Antero Paes de Barros, ainda está em segundo lugar, porém a pressão do governismo, ancorada em muitos recursos, está fortíssima”, afirma FHC, em e-mail a Marcelo, no dia 13 de setembro de 2010.

“Seria possível ajudá-lo? Envio abaixo os dado bancários: Eleição 2010, Antero Paes de Barros Neto -senador, Banco do Brasil, agência 3325-1, conta corrente 31801-3, CNPJ 12189840/0001-23. Com um abraço, Fernando Henrique”, completa.

Mais tarde, no mesmo dia, Marcelo respondeu: “Presidente, Estou fora até amanhã, mas até 4ª dou uma olhada e retorno. Fique tranqüilo (no que depender de nós)”.

“Depois aproveito, e lhe dou o feedback dos demais apoios e reforços que fizemos na linha do que conversamos”, afirmou.

No dia seguinte, Marcelo voltou a fazer promessas ao tucano: “Ja solicitei que fosse feito o apoio ao Antero. Vou pedir para verificarem sua disponibilidade para lhe apresentar um balanço”.

No dia 21 de setembro, FHC insiste pela doação. “estimados amigos: desculpem a insistência e nem mesmo sei se já atenderam o que lhes pedi, mas olhando o quadro geral, há dois possíveis
senadores que precisam atenção: 1. Antero Paes de Barros, de Mato Grosso 2. Flexa Ribeiro, do Pará. Ainda há tempo para eles alcançarem, no caso na verdade é manterem, a posição que os leva ao êxito. Abraços, Fernando Henrique”.

Marcelo responde positivamente: “Já contactamos Antero, está fora, mas já sabe que iremos apoiá-lo. Flexa não sei dizer, mas vou verificar”.

Em outra troca de e-mails, com assunto ‘iFHC’, este de André Amaro, executivo da Odebrecht, para Marcelo, são mencionados valores.

“Em alinhamento com EO [Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira] informei a Daniel que nossa contribuição será de 1,8 mi em 24 meses, conforme acertado no último encontro dos empresários no Instituto. Daniel disse que, talvez, contribua com menos, se posicionando junto a um grupo de empresas relativamente menores”, afirmou André no dia 18 de dezembro.

O laudo foi produzido pela Polícia Federal com autorização do juiz Sérgio Moro, que atendeu pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para determinar uma perícia no computador do empreiteiro.

Nesta ação penal, o ex-presidente Lula é investigado por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht por meio da compra de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno em São Paulo onde supostamente seria sediado o Instituto Lula.

COM A PALAVRA, FHC

“Posso ter pedido, mas era legal. Não sei se deram e não foi a troco de decisões minhas, pois na época eu estava fora dos governos, da República e do estado”.


Leia também o artigo de Luiz Claudio Nogaroto: "A gente da um jeitinho..." - O Ciclo da Impunidade


Pré-candidato a Deputado Federal por São Paulo, Luiz Claudio Nogaroto nasceu em Tremembé e reside em Taubaté, municípios do Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Formou-se em Engenharia Mecânica, com pós-graduação em Carreiras Públicas. Iniciou sua carreira na administração pública em 2002 e desde 2011 exerce o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal. Em 2016, iniciou sua atuação na força-tarefa da Operação Lava Jato. Em paralelo, Nogaroto atua como professor e coach para concursos públicos em todo país.


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