Por Luiz Claudio Nogaroto - Quando falamos em educação no Brasil, um dos problemas mais graves de nossa população ganha destaque, o analfabetismo. Apesar do aumento no número de crianças e adolescentes nas escolas, são mais de 48 milhões que frequentam a educação básica (infantil, fundamental e médio), enquanto 8 milhões de adultos estão matriculados no ensino superior, tal progresso não merece ser comemorado, haja vista ocuparmos, há décadas, as últimas posições no ranking mundial de educação.
Em 2018, ano da última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com 79 países avaliados, o Brasil ficou em 67º em Ciências, 58º em Leitura e 71º em Matemática, as três áreas avaliadas pelo programa. Nesse sentido, continuamos a ocupar as últimas posições, ficando a frente apenas de países muito pouco desenvolvidos. O PISA é realizado a cada 3 anos, desde o ano 2000, e nas sete edições concretizadas, o Brasil aparece na parte final da fila, nas últimas colocações. Isso, por si só, mostra-nos claramente que o sistema de ensino nacional faliu há décadas e que medidas efetivas no sentido de corrigir a rota não foram ainda tomadas.
Ainda mais preocupante são os dados apresentados pelo Indicador do Alfabetismo Funcional - Inaf, o qual destaca que 38% dos brasileiros com formação superior embora saibam ler, não são capazes de interpretar textos simples ou de realizar operações matemáticas básicas. Se restringirmos a análise, entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%.
Há muitos anos, o Brasil vem investindo, ano a ano, muito pouco em educação. Quando analisamos o investimento do país em educação, constatamos que a média dos últimos anos tem sido de US$ 5.610 anuais por aluno, enquanto os países membros da OCDE investem em média, por aluno, US$ 10.759 anuais.
O MEC encerrou o exercício de 2020 com a menor dotação desde 2011, apenas R$ 143,3 bilhões, e a pior execução orçamentária da década. Além do baixo investimento, o governo gasta mal, principalmente quando analisamos os recursos destinados à educação básica. Em 2020, foram destinados 42,8 bilhões de reais para a educação básica, cerca de 30% do orçamento do Ministério da Educação (MEC), enquanto a educação superior abocanhou 46,2 bilhões de reais, cerca de 33% do montante.
Ora, se temos seis vezes mais alunos na educação básica, são 48 milhões contra 8 milhões no ensino superior, a divisão de investimentos precisa levar em conta isso. Estamos na contramão de todos os países desenvolvidos, os quais investem muito forte na base. Para nós, fica simples, cristalino, identificar por que ocupamos as últimas posições do ranking do Programa Internacional de Avaliação de alunos (PISA). Basicamente, investimos como pobres no ensino básico e como ricos no ensino superior.
Países como Finlândia, Coreia do Sul, Suíça e Suécia podem, e devem, ser tomados como exemplos. Todos eles apresentam modelos de sucesso, cada qual com suas particularidades, mas também com muitos pontos convergentes, dentre os quais podemos citar: ensino obrigatório, em período integral (todos os alunos passam de 8 a 10 horas na escola todos os dias), professores capacitados e valorizados, laboratórios e equipamento de ponta, incentivo à participação da família na educação dos filhos, investimento pesado em pesquisa e tecnologia.
Não existe nenhuma fórmula mágica para termos educação de qualidade e acessível a todos. O que falta ao Brasil é encarar a educação verdadeiramente como prioridade, é investir bastante e bem, é buscar entender os modelos de sucesso, é ter coragem e, sobretudo, vontade de melhorar o país.
Cal Nogaroto - Nasci em Tremembé, tenho 43 anos, pai de 3 lindos filhos. Trabalho há 20 anos na administração pública, tendo ocupado 4 cargos nas esferas Federal e Estadual, todos eles por concurso público. Desde 2011, sou Auditor Fiscal da Receita Federal. Trabalhei, nos primeiros anos, na fronteira do Brasil com o Paraguai, diretamente no combate ao tráfico de drogas e armas. Na sequência, fui chefe da equipe de fiscalização da Receita Federal no Vale do Paraíba e, a partir de 2015, passei a trabalhar em grandes operações pelo país, sendo a mais conhecida delas a Operação Lava Jato.
Em paralelo, sou fundador e sócio do Coaching Concurseiros, empresa referência nacional na preparação de candidatos aos principais cargos públicos do país.
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Luiz Claudio Nogaroto e por que ainda temos tanto analfabeto assim em pleno século xx.
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